Saúde da mulher

Dismenorréia ou cólica menstrual

O termo dismenorréia é derivado do grego e significa fluxo menstrual difícil. A dismenorréia é caracterizada por dor tipo cólica que se manifesta antes e/ou durante o período menstrual. Essa cólica habitualmente se inicia no abdômen inferior e às vezes também é descrita como sensação de peso no baixo ventre. A dor geralmente é mais intensa no primeiro dia da menstruação e, em mais de 50% dos casos, é acompanhada por outros sintomas como náuseas, vômitos, palidez, dor de cabeça, diarréia, tontura e desmaio.



Acredita-se que cerca de 50% a 90% das mulheres apresentem cólica menstrual em algum momento de suas vidas, sendo que 10% das pacientes tornam-se incapazes de desenvolver suas atividades habituais em decorrência da dor. A cólica menstrual intensa representa uma das mais importantes causas de ausência no trabalho e na escola.

A dismenorréia primária se caracteriza por não apresentar causa orgânica que a justifique e é o tipo mais comumente diagnosticado entre as adolescentes.  A elevação dos níveis de prostaglandinas parece ser o principal fator no desencadeamento da dismenorréia primária por provocar o aumento das contrações uterinas a dismenorréia secundária corresponde a apenas 5% dos casos e há uma causa orgânica que explique sua origem (inflamações pélvicas, varizes pélvicas, tumores pélvicos, pólipos, miomas, uso de diu e  cistos ovarianos entre outros).

Os anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) constituem a primeira escolha no tratamento da dismenorréia primária e seu mecanismo de ação envolve a redução da síntese de prostaglandinas. A eficácia do tratamento com AINEs costuma ser superior a 80% . Os contraceptivos hormonais orais diminuem a dismenorréia por bloquearem a ovulação e também reduzirem os níveis de prostaglandinas. Algumas das vantagens dos AINEs sobre anticoncepcionais orais são a sua administração de apenas alguns dias durante o mês e sua ação, também, nos demais sintomas associados à dismenorréia, como as náuseas, diarréia, palidez e cefaléia.

No passado, os fatores psicológicos eram considerados importantes na causa da dismenorréia, relacionando as cólicas menstruais à rejeição do papel feminino. Entretanto, estudos recentes não têm encontrado significativas relações entre fatores psicológicos e dismenorréia.

Há descrições de que atividades esportivas possam apresentar redução da intensidade da dismenorréia. Em trabalho realizado com 764 adolescentes por Izzo e Labriola (1991) foi verificado que a dismenorréia se mostrou menos intensa naquelas adolescentes com maior prática esportiva. Em pesquisa realizada por Scmidt e Herter no sul do Brasil, no entanto, este fator não foi relevante.

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